Os financiamentos da casa própria estão cada vez mais acessíveis, mas os gastos para entrar no imóvel vão além. Do modelo decorado para o imóvel onde o comprador vai morar existe uma diferença: o acabamento. O corretor de imóvel Cláudio Moriá tem uma explicação: os imóveis são entregues pelados para evitar que o cliente tenha ainda mais gastos e transtornos mudando o que não gostou. “A pessoa teria que destruir o que for feito para depois refazer. Seria uma obra muito mais cara”, argumenta.
Você tem que ter uma poupança e lembrar que depois vão aparecer várias coisas que você não imaginava, aconselha. A decoradora Lucília Cardoso acrescenta: a conta é alta. “Para decorar, a gente pode estimar os gastos em 10% do preço do imóvel”, diz. Para economizar na decoração, ela tem sugestões simples, como instalar uma bancada para substituir a mesa e gastar com um teto de gesto para embutir a luz, sem precisar comprar lustres. E o mais importante: fazer um planejamento:
Contratação de Mão de Obra
- Preferencialmente, somente chamar profissionais conhecidos ou indicados por amigos ou parentes; se possível, é bom ver um trabalho pronto.
- Utilizar uma equipe que normalmente trabalha para o seu arquiteto ou engenheiro pode ser mais cômodo, mas nem sempre sai mais em conta. Caso outros operários competentes e de confiança sejam conhecidos, verificar com o profissional responsável pela obra se não há empecilhos, fazer a cotação com os dois grupos e então decidir.
- Quando se tem um empreiteiro, é ele o responsável pela contratação e pagamento de encargos trabalhistas. Se a administração da obra não contar com esse profissional, é importante estabelecer uma relação contratual por escrito com os operários, especificando o tipo de serviço que se espera deles, o prazo e o valor. Não se deve esquecer-se de recolher o INSS dos trabalhadores, caso contrário esse valor terá que ser acertado de uma só vez ao requerer o Habite-se à prefeitura, evitando problemas com a Justiça do Trabalho.
- Determinar uma forma de pagamento baseada na produção, estabelecendo assim que o pagamento da mão-de-obra ficará condicionado ao cumprimento de determinadas etapas e prazos.
Compra de Materiais
- Pesquisar exaustivamente os preços de materiais e pedir orçamentos por escrito. Para poupar tempo, verificar se a loja fornece orçamentos por fax ou e-mail. Fazer a pesquisa levando em conta os parâmetros estabelecidos pelo profissional que elaborou o projeto, tentando achar a melhor relação entre qualidade e preço (não esquecendo que, além do custo de construção, há também um de manutenção, ou seja, materiais de baixa qualidade só são economia em curto prazo, e em pouco tempo a obra começará a apresentar problemas);
- Lembrar de incluir o frete na conta da pesquisa, caso necessário.
- Ás vezes, é possível fechar um pacote para a compra de uma grande quantidade de materiais numa única loja e, assim, negociar um desconto ou o pagamento a prazo. A pechincha é regra básica.
- Tentar se possível, fazer compras em conjunto caso haja vizinhos construindo perto. Quanto maior a quantidade de material encomendado, maior o poder de barganha para negociar preços, além de ser possível dividir os custos de frete.
- Conferir se o material entregue na obra é o mesmo comprado e se está na quantidade certa. Cuidados redobrados devem ser tomados com material a granel, como areia.
- Pesquisar também em lojas de materiais de demolição e cemitérios de azulejos. Neles é possível encontrar muita coisa em bom estado e por um bom preço (nas capitais onde virou moda materiais de demolição, eles chegam a custar mais caro que o material novo. A alternativa é procurar em cidades pequenas ou nas próprias demolições).
- A compra antecipada de materiais de acabamento deve ser feita considerando uma margem de aproximadamente 10% de sobras para cobrir quebras e consertos futuros;
Acompanhamento
- •É importante acompanhar de perto a obra para ter certeza de que o planejamento está sendo cumprido e de que não há desperdícios. Caso isso não seja possível, deve-se escolher um profissional competente e de confiança para tanto.
Estocagem
- Observar o prazo de validade de matérias como o cimento. Não deve ser armazenada muita quantidade nem com muita antecedência (a planilha ajuda essa programação).
- O material deve estar protegido da chuva, vento e outras intempéries. A areia e o cimento têm que ser cobertos, a madeira em local abrigado e com ventilação. Evitar deixar materiais em caixas de papelão ao relento.
- Evitar construir no período mais chuvoso de sua região.
Acabamento
- Evitar comprar materiais da moda; os tradicionais, além de ser mais baratos, são mais fáceis de repor.
- Pisos de cimento queimado coloridos podem substituir mármores e granitos em locais que pedem resistência a um custo baixo. Se não for bem executado, o piso pode rachar.
- Paredes internas não precisam de reboco, podendo-se pintar diretamente o tijolo aparente com látex, economizando massa e mão de obra. Nas paredes externas é possível aplicar um reboco feito com areia naturalmente colorida, que custa o preço do reboco normal e não precisa de pintura. Para maior garantia, pode-se fazer uma proteção com silicone.
- Materiais de acabamento nobres mais baratos podem ser encontrados, junto aos fornecedores, em promoção ou sobras.
- Seguir a linha da parede no assentamento de pisos e azulejos consome menos peças; a colocação na diagonal requer mais recortes, implicando em mais material para cobrir a mesma área.
- Os azulejos não precisam ir até o teto; as meias-paredes podem receber um barrado colorido para complementação.
- Evitar esquadrias desnecessárias, pois, individualmente, elas são o item mais caro da obra. Elementos vazados podem eventualmente substituir algumas delas sem prejuízo da iluminação ou ventilação.
- No entulho da obra podem existir materiais que podem ser reutilizados por exemplo, pedriscos que sobram a cada peneirada de areia podem virar um caminho no jardim ;
- Se possível, utilizar peças de linha, em tamanho-padrão, para gabinetes, pias e espelhos.